Começaram a fazer cuecas. 50 anos depois, têm um império português de roupa interior

2023-04-10

Começaram a fazer cuecas. 50 anos depois, têm um império português de roupa interior

Alberto e Emília Figueiredo fundaram uma pequena confecção de roupa interior em 1973 com apenas seis costureiras. Volvidas cinco décadas, empregam mais de 900 pessoas, que produzem para todo o mundo.

São precisos mais de 3000 fios para fazer o elástico de umas cuecas. Na fábrica da Impetus, em Barqueiros, concelho de Barcelos, a máquina trabalha a grande velocidade para produzir os elásticos que servem para finalizar a roupa interior que segue para todo o mundo. Estas peças são o segredo do negócio que Alberto e Emília Figueiredo criaram há 50 anos. Só no ano passado, o império de roupa facturou 50 milhões de euros. Chamar império à marca e fábrica que se especializou em roupa interior não é uma hipérbole, pois emprega mais de 900 pessoas, divididas em cinco unidades, entre tinturaria, unidade de acabamentos e confecções. Além de uma unidade em Cabo Verde — uma verdadeira estrutura vertical, que pouco depende de terceiros. Ali, perto de Barcelos, a Impetus transforma o fio em malha, que depois é preparada para ser cortada. Hoje o processo é todo automatizado, mas nem sempre foi assim. Antes, os funcionários percorriam centenas de metros para esticar a malha a ser cortada. Agora, o sistema detecta quantas camadas de tecido estão na mesa e corta tudo de uma só vez. Na sala ao lado, é a produção de elásticos. Por dia, são produzidos 250 quilos de elásticos. Quando saem das máquinas, as peças ainda não têm o elastano necessário para serem confortáveis. É o calor directo que torna as fibras elásticas. Depois, é preciso coser o elástico para criar a cintura de umas cuecas ou de umas boxers masculinas. Na sala seguinte, estão as máquinas que produzem as peças de desporto sem costura, cujo principal mercado é o dos EUA. Depois de produzidos os tubos de tecido pelas máquinas, as peças sem costura passam para a maior liberdade financeira à empresa. Por cá, além de duas unidades de confecção e da fábrica de Barqueiros, parte dos esforços está concentrada na tinturaria, à responsabilidade do filho, Ricardo Figueiredo. Consciente de que grande parte do impacte ambiental da indústria têxtil vem desta fase do processo, é lá que têm feito a “revolução” da sustentabilidade, embora as iniciativas não se esgotem aí. “Além de utilizarmos matérias-primas mais sustentáveis, como o algodão de carbono negativo, um dos pontos importantes que estamos a apostar é a transparência da cadeia de valor”, explica o vice-presidente da Impetus. Alguns dos produtos já trazem um código QR, que permite acompanhar a cadeia de valor. Além de já terem instalado na tinturaria medidores para estimar os consumos de energia da maquinaria, ajudando a uma análise do ciclo de vida mais clara, estão a fazer mudanças na produção. Para reduzir a quantidade de água utilizada e os produtos químicos, são pioneiros na utilização da tecnologia Colorifix, que tinge os têxteis com recurso a bactérias. Ainda não aplicada, quando for garantida a sua viabilidade vai permitir reduzir não só a quantidade de água, mas também a energia. “Por exemplo, para tingirmos poliéster tinha de ir a 130 durante oito horas. Com esta tecnologia, conseguimos tingir qualquer fibra a 30 ou 40 em quatro horas”, avança. Além disso, por não ter produtos químicos, toda a água pode ser reutilizada. Esta procura por soluções inovadoras é habitual no grupo, que faz parcerias com universidades para o desenvolvimento tecnológico. Resultado dessa ligação é, entre outras, a linha Protechdry, que, à primeira vista, se assemelha a roupa interior tradicional, mas é, afinal, uma tecnologia patenteada que permite absorver e neutralizar o odor resultante da incontinência urinária.

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Começaram a fazer cuecas. 50 anos depois, têm um império português de roupa interior
Começaram a fazer cuecas. 50 anos depois, têm um império português de roupa interior